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20/06/2022

Vet News 06 de Junho, 2022

  1. Carne bovina: Abiec prevê receita recorde nas exportações brasileiras em 2022

Mesmo ainda sem conquistar os valiosos mercados de importação do Japão e Coreia do Sul (que pagam aos fornecedores mundiais preços bastante atrativos pela proteína), a indústria brasileira da carne bovina comemorou os resultados recordes de exportações obtidos em 2021, após os grandes desafios enfrentados durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19.

Em 2021, os embarques brasileiros atingiram o valor histórico de US$ 9,2 bilhões, um acréscimo de 8,4% sobre o resultado de 2020, destaca Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), entidade que divulgou nesta terça-feira (2/6) o seu extenso trabalho estatístico sobre o desempenho do setor da pecuária brasileira de corte no ano passado, denominado Beef Report 2022.

Segundo Camardelli, considerando apenas a carne in natura, que correspondeu a mais de 80% do volume exportado em 2021, os valores médios da tonelada embarcada também registraram recorde, alcançando US$ 5.170, uma valorização de 18,2% em relação ao preço médio de 2021.

Na avaliação do presidente da Abiec, os resultados conquistados no ano passado “dão suporte às projeções de que, em 2022, as exportações brasileiras de carne bovina baterão um novo recorde, batendo, pela primeira vez, “um faturamento de dois dígitos”.

Entre os fatores que devem contribuir para esse cenário, relata Camardelli em texto de abertura do Beef Report 2022, está “a retomada das compras chinesas e a perspectiva de abertura de novos mercados em 2022, a exemplo do Canadá”.

Além do mercado canadense, o executivo menciona negociações em andamento com outros gigantes do setor de importação da proteína bovina, como Japão e Coreia do Sul, e também os acordos (já colocados em prática) para reabilitação de plantas brasileiras para exportar para a Rússia.

Porém, entra ano, sai ano, a Abiec vem lutando, em parceria com o governo federal brasileiro, para fechar acordos com os importadores do Japão e da Coreia do Sul, sem que haja, até agora, algum sucesso efetivo e prático nesta empreitada.

Os acordos com a Rússia, que já foi, no passado recente, o principal comprador mundial da carne bovina, também caminham a passos lentos, com apenas algumas plantas brasileiras habilitadas para exportação (imagina-se que os ataques russos à Ucrânia podem retardar ainda tal processo).

Em relação à China, apesar do país continuar comprando a maior parte de toda a carne bovina brasileira exportada ao longo dos primeiros meses deste ano, o mercado pecuário nacional demonstra forte preocupação em relação às ações recentes dos importadores asiáticos, que seguem suspendendo, em decisão unilateral, os embarques de algumas importantes unidades brasileiras de abate.

Faturamento – Em 2021, o movimento do agronegócio da pecuária de corte atingiu valor total de R$ 913,14 bilhões. Esse montante inclui todos os negócios e movimentações relacionados à cadeia, incluindo desde valores dos insumos utilizados na pecuária, passando por investimentos em genética, sanidade animal, nutrição, exportações e vendas no mercado interno.

Sozinho, o setor de insumos e serviços para a produção pecuária atingiu R$ 127,08 bilhões, incluindo nutrição (R$ 21 bilhões), protocolos, materiais e sêmen (R$ 1,54 bilhão) e sanidade animal (R$ 3 bilhões), segundo a Abiec.

O faturamento total da pecuária de corte ficou em R$ 243,18 bilhões, incluindo a movimentação gerada com o abate de bovinos (R$ 192,6 bilhões), entre machos (R$ 108,8 bilhões) e fêmeas (R$ 83,7 bilhões), em números arredondados.

O total do faturamento anual obtidos pelos frigoríficos brasileiros (associados à Abiec) somou R$ 220,12 bilhões, sendo R$ 142,8 bilhões gerados no mercado interno, R$ 49,3 bilhões com as exportações de carne bovina e R$ 7,6 bilhões com os embarques de couro.

Rebanho – Em 2021, o rebanho brasileiro ficou estimado em 196,47 milhões de cabeças, com um abate de 39,14 milhões de cabeças, informa a Abiec.

Até a edição de 2020 do Beef Report, relata a entidade, a quantidade de cabeças no rebanho brasileiro foi divulgada de acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Porém, diz a Abiec, “o comportamento do mercado entre 2019 e 2021 comprovou a inviabilidade da presença de um rebanho acima de 215 milhões de cabeças em território brasileiro, situação que já era frequentemente discutida entre os técnicos especializados em pecuária”. Portanto, continua a associação, “a partir dos dados oficiais do Brasil e de diversos outros estudos conduzidos pela iniciativa privada, cada vez mais se aceita que o rebanho brasileiro esteja mais próximo dos 175 a 180 milhões de cabeças, oscilando até 190 milhões em alguns meses do ano”.

Sendo assim, a partir da edição de 2021 do Beef Report, o rebanho brasileiro passa a ser apresentado de acordo com a seguinte metodologia sugerida por uma consultoria privada, a Athenagro: “rebanho base censo para o ano de 2017, variando em cabeças por município a partir da Pesquisa Pecuária Municipal (IBGE) e, ainda, considerando 50% do total abatido no mercado fiscalizado (sistemas federal, estadual e municipal), obtido também pelo IBGE”

Produção de carne – Em 2021, o volume de carne produzida pelos frigoríficos brasileiros ficou em 9,71 milhões de toneladas carcaça equivalente (TEC). Desse total, 25,51% ou 2,48 milhões TEC foram exportadas, enquanto 7,24 milhões TEC, o equivalente a 74,49% ficou no mercado interno.

Livre da aftosa – Em 2021, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, partes do Mato Grosso e do Amazonas passam a ter o status de zonas livres de febre aftosa sem vacinação, destaca o relatório da Abiec.

Previsão a longo prazo – No cenário mais conservador, as exportações de carne bovina brasileira ultrapassarão a marca das 3 milhões de toneladas entre 2025 e 2030, estima a Abiec.

Para garantir o atendimento do mercado interno e externo, relata a entidade, a produção brasileira de carne precisará aumentar 35% entre 2020 e 2030. “Esse aumento só será possível com um incremento de 45% na produtividade média da pecuária brasileira”, pondera a Abiec.

Artigo completo e link para relatório ABIEC em: https://www.portaldbo.com.br/carne-bovina-abiec-preve-receita-recorde-nas-exportacoes-brasileiras-em-2022/

 

2. Conteúdo Técnico

Raça quadrimestiça PURUNÃ

O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) no ano de 1980 iniciou trabalhos com cruzamentos com o objetivo de avaliar o desempenho de bovinos das raças Angus, Caracu, Canhim e Charolês e seus cruzamentos alternados Angus x Canchim e Caracu x Charolês. Devido aos bons resultados alcançados com os animais bimestiços, em 1995, a instituição deu início a formação de um plantel quadrimestiço, que resultou na raça Purunã. Entretanto, para ganhar o status de nova raça algumas ações foram necessárias entre as quais: fundar a Associação dos Criadores de Bovinos Purunã (ACP), iniciar um programa de melhoramento para animais Purunã, iniciar o controle de genealogia e desenvolvimento ponderal, submeter o projeto de criação da raça ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), enviar os dados coletados nas propriedades para a avaliação genética e posterior emissão do CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) para os animais 20% superiores na avaliação genética. Após terem realizadas as etapas necessárias, o MAPA, pela portaria número 249 de 21 de novembro de 2016 reconheceu a raça Purunã, sendo oficializado no dia 30 de novembro de 2016.

A raça Purunã, reconhecida oficialmente no Diário Oficial da União, é composta por proporções iguais das raças Angus (Ab), Canchim (Cn), Caracu (Ca) e Charolês (Ch), após resultados de pesquisa com o objetivo de avaliar os cruzamentos alternados entre Angus com o Canchim e o Charolês com o Caracu. A raça Angus, de origem britânica, foi escolhida pela precocidade, docilidade e qualidade da carne com maciez das fibras musculares, marmorizada e suculência. A raça Canchim, raça composta 5/8 Charolês e 3/8 de raças zebuínas por apresentar precocidade, bom desenvolvimento, rusticidade e adaptabilidade, como tolerância ao calor e resistência ao carrapato. A raça Caracu por sua rusticidade e adaptabilidade, com tolerância ao calor e resistência ao carrapato, por apresentar boa habilidade materna e docilidade. A raça Charolesa cuja seleção inicial deu ênfase ao tamanho e à cobertura muscular da carcaça, o que resultou em animais de grande porte com elevada porcentagem de cortes nobres e eficiência alimentar.

Ao considerar que a raça Canchim é formada por 5/8 Charolês e 3/8 Zebu, a composição racial do Purunã integral é 13/32 de Charolês, 8/32 de Angus, 8/32 de Caracu e 3/32 de Zebu. Inicialmente foram formados quatro bimestiços: (A) Charolês x Caracu e (B) Caracu x Charolês; (C) Canchim x Angus e (D) Angus x Canchim, sendo que estas composições foram usadas na formação dos quadrimestiços (Primeira geração – Purunã). Em seguida, para obter o quadrimestiço de primeira geração (P1) o delineamento foi realizado para que as linhas maternas e paternas estivessem sempre em alternância. Para isso machos bimestiços D (Angus x Canchim) foram cruzados com matrizes A (Charolês x Caracu) obtendo o produto quadrimestiço E (Angus x Canchim x Charolês x Caracu), F - C (CnAb) x B (CaCh), G – B (CaCh) x C (CnAb) e H – A (ChCa) x D (AbCn).

Os animais de segunda geração (P2) seguiram os mesmos critérios da geração anterior, alternando as composições genéticas na obtenção dos animais quadrimestiços. Com isso, machos E (Angus x Canchim x Charolês x Caracu) foram cruzados com matrizes G (Caracu x Charolês x Canchim x Angus), G x E, H x F e F x H.

Por fim, matrizes P2 foram cruzadas com touros também P2, obtendo animais de terceira geração (P3), sendo que, dos animais P3 em diante já foram considerados composto Purunã.

O delineamento para a obtenção da raça Purunã foi proposto de tal forma a usar raças com maior habilidade materna (raças maternas – Caracu e Angus) cruzada com raças como objetivo de linha paterna (raças paternas – Canchim e Charolês). Porém, em função da complexidade de sistemas de cruzamento que envolvem mais de duas raças, o desafio ainda hoje é identificar os efeitos ambientais que exercem influência sobre as características de interesse econômico, em seguida modelar os efeitos fixos e covariáveis para estimar os parâmetros genéticos, além dos efeitos maternos que podem estar influenciando estas características, para que enfim, o modelo seja o mais acurado para estimar os valores genéticos dos animais e consequentemente as DEP´s para seleção dos animais geneticamente superiores a serem usados nos acasalamentos do rebanho.

Bruno Frauzino Ribeiro Camilo Zootecnista (PUC - GO), Dr. em Melhoramento Genético (UFPR).