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16/05/2022

Vet News 09 de Maio, 2022

Vet News 09 de Maio, 2022

1.Vaca mais cara do mundo: por que nelore brasileira vale R$ 8 milhões?

Na última semana, a pecuária brasileira bateu mais um recorde internacional. Uma vaca nelore jovem, de 39 meses, teve 50% de sua propriedade arrematada por R$ 3,99 milhões em leilão realizado em Uberaba, Minas Gerais, alcançando uma valorização de R$ 7,98 milhões – um recorde para animais zebuínos. O resultado elevou a média de preços dos animais vendidos durante a Expozebu, feira onde ocorreu o pregão, de R $47,5 mil para R$ 71 mil. O segundo animal mais caro foi vendido por 1,8 milhão e o terceiro mais caro saiu por 1,5 milhão.

“É um ponto fora da curva, um comportamento atípico e que não sinaliza nem mesmo a média do mercado”, observa o zootecnista e superintende técnico da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, Luiz Antônio Josahkian, ao ressaltar que uma série de fatores pode ter levado a essa formação de preços – desde o papel das fêmeas num programa de melhoramento genético, uma vez que são elas que vão receber a genética dos touros melhoradores, até fatores particulares do próprio comprador.

"Estou há dois anos tentando animais desse porte e não consegui porque realmente são animais únicos, você não tem uma dezena de animais desse no mercado, são singulares", comenta Ney Pereira, da agropecuária Napemo - mais novo sócio-proprietário da vaca mais cara do mundo. No ano passado, ele foi o penúltimo a dar um lance pela vaca parla, que mantinha o título de mais cara do mundo até então. Novo no negócio, ele vinha disputando esses animais co

 criadores experientes, com mais de trinta anos na atividade.

"Eu precisava do meu cartão de visita e essa vaca, no meu caso, ela faz todo o sentido porque ela vai agora ser a base do meu plantel. E para chegar num animal desse é preciso anos e anos de seleção. Então, pra mim, justifica o investimento porque é um animal que se paga mais rápido do que outros animais", completa o comprador.

Para entender a valorização de um animal como a Viatina-19, como é a chamada a vaca de milhões, é preciso ter em mente que ela não é um animal de produção. “Ela é uma estrela. É um animal com o qual temos todo um cuidado. Ela tem um manejo diferenciado, não fica solta a pasto, fica nas cocheiras na fazenda, onde recebe acompanhamento porque sabemos a quão valiosa ela é”, explica a diretora da Casa Branca, Fabiana Marques Borrelli. A fazenda atua há mais de 20 anos em melhoramento genético na pecuária, tendo como principal negócio a venda de animais selecionados para criadores. “Essa vaca vai ser a base para quem quer fazer a produção. Ela tem um pedigree muito bom e uma morfologia muito boa, então produz muita carne”, explica Fabiana ao ressaltar, entre outras características da Viatina-19, o ganho de peso e o comprimento de costela. “É um animal que promete muito e que tem uma genética que, se trabalhada, pode agregar para o produtor que vai fazer carne. Com a genética dela, é possível ter resultados mais cedo, que é o objetivo do melhoramento genético, agregar valor a um produto cada vez mais cedo”, completa a diretora da Casa Branca.

“Essa é daquelas que a gente trata a pão de ló, fica lá bem cuidadinha. A carreira dela é ser uma mãe, uma doadora muito importante. Ela tem muito a agregar para a pecuária”, confessa Fabiana. Tudo começa dentro da própria fazenda, onde uma equipe avalia os animais que têm potencial para se tornarem melhoradores ou não. No caso da Viatina, ela é descendente de outro campeão, o touro nelore Landau da Di Gênio (bateria CRV). Na edição de 2018 da Expozebu, o touro foi o animal mais valorizado dos leilões, com 50% do seu serviço arrematado por R$ 1,26 milhão.

Artigo completo em: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Boi/noticia/2022/05/vaca-mais-cara-do-mundo-e-leiloada-por-r-8-milhoes-entenda-valorizacao.html

 

2. Conteúdo Técnico

Uso de gordura na dieta pode favorecer a reprodução de matrizes

Um nível energético inadequado na dieta de ruminantes e uma condição corporal pobre podem afetar negativamente a função reprodutiva de matrizes, já que o balanço energético negativo pode atrasar a ciclicidade e comprometer tanto a competência do folículo quanto a qualidade oocitária.

Dessa forma, a suplementação com gordura vem sendo utilizada com o objetivo principal de elevar a densidade de energia da dieta e melhorar índices reprodutivos. Isto ocorre independente do fornecimento de energia por si só, pois tem efeito mesmo não alterando o estado corporal dos animais por modificações nos parâmetros fisiológicos ligados à reprodução. Assim, animais com condição corporal inferior ao recomendado, suplementados com gordura, podem ter desempenho semelhante a animais com 1 grau de escore de condição corportal acima. Além disto, talvez a maior dificuldade da suplementação de vacas de corte seja a logística de implantação do processo. Várias são as razões como o tamanho do lote (geralmente em grande número), a demanda por área de cocho, o armazenamento no campo, as condições do clima e do ambiente, o transporte, entre outros.

Diante de tamanha dificuldade, a melhor opção é tentar oferecer suplementos com alta densidade energética, com ingredientes que controlem e uniformizem o consumo e que tenham custos compatíveis. Suplementos contendo gordura vegetal como óleos (soja, algodão), farelos gordurosos e caroço de algodão são alternativas interessantes para a concentração energética do produto, pois em média são capazes de liberar 2 a 3 vezes mais energia que a mesma quantidade liberada pelos carboidratos contidos na forma de amido, como aqueles presentes nos grãos de milho e sorgo.

As principais limitações do uso da gordura vegetal na forma concentrada em um suplemento estão associadas às dificuldades de manipulação (mistura industrial e oferecimento). A gordura protegida por sais de cálcio reduz a transformação (biohidrogenação) dos ácidos graxos insaturados no rúmen, aumentando a absorção de ácidos graxos essenciais como o linolênico n-3 (C18:3) e o linoleico n-6 (C18:2), importantes para os aspectos reprodutivos.

Entre os efeitos que explicariam isso, o lipídeo adicional aumenta a capacidade funcional do ovário, a vida útil do corpo lúteo e a concentração de progesterona (PG). Aumenta, também, a concentração de colesterol, que é precursor da PG, e promove maior crescimento folicular.

Nos trabalhos em que houve benefício da suplementação lipídica foram utilizadas quantidades superiores a 4% da MS (~ 400 g/dia) e fontes de gordura vegetal foram melhores do que fontes de gordura animal. Isto pode ser devido ao maior teor de ácidos graxos poliinsaturados nos primeiros, particularmente do ácido linoléico (18:2). Uma das possibilidades para explicar esse efeito é que a Ciclooxygenase-2 (COX-2) é a enzima limitante regulada por ácidos graxos poliinsaturados (18:2, EPA, DHA, CLA) que bloqueia a prostaglandina F2α. Este hormônio, quando não bloqueado por estímulo do embrião causa morte embrionária, reduzindo as taxas de concepção.

Apesar das vantagens de a suplementação lipídica serem evidentes em algumas situações, em gado de corte com ECC adequados a maioria dos trabalhos não tem demonstrado aumentos significativos na fertilidade e no número de folículos a partir da suplementação com gordura independente da fonte oferecida. Alguns autores não encontraram aumento no número de folículos durante a primeira onda folicular em novilhas Nelore que receberam dietas com adição de óleo de soja ou Megalac®, comparadas com outras que receberam dietas com mesma densidade energética (1,7 vezes Mantença de energia) porém, sem lipídios, demonstrando que estes efeitos são mais pronunciados em animais em lactação e/ou com aumento dos requerimentos de energia ou em balanço energético negativo mais acentuado. Em razão destes estudos, recomenda-se assim, a inclusão de gordura protegida no suplemento de forma equilibrada com outras fontes de gordura líquida (óleos) e de carboidratos (grãos).

NOGUEIRA, E., de OLIVEIRA, L. O. F., NICACIO, A., GOMES, R. D. C., & de MEDEIROS, S. R. (2015). Nutrição aplicada à reprodução de bovinos de corte. Embrapa Pantanal-Capítulo em livro científico (ALICE), 2015.