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11/04/2022

Vet News 11 de Abril, 2022

Vet News 11 de Abril, 2022

 

  1. Por que a menor emissão significa mais produção de carne na fazenda?

 

 Pecuária mais intensiva, produtiva e fértil é o caminho para o produtor reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do rebanho, especialmente o metano (CH4). Quem explica isso é o agrônomo e doutor em Ciência Animal e Pastagens, Sérgio Raposo, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). O especialista participou no programa Giro do Boi, desta quinta-feira, 7/4.

Há cerca de 20 anos a unidade de pesquisa estuda a emissão do gás pelos bovinos e vem melhorando as técnicas de como medi-lo com propriedade, além de traçar os caminhos que o pecuarista deve percorrer para converter o metano em mais arrobas.

Isso porque a emissão do gás significa perda de energia do animal, o que representa menos carne produzida no final do dia. “Técnicas de intensificação são interessantes do ponto de vista de mitigação porque, ao mesmo tempo que a gente está produzindo mais carne, menos metano é emitido”, explica Raposo.

 A pecuária brasileira está caminhando para uma gradual queda nas emissões de metano, especialmente com a redução da idade de abate. Há também soluções nutricionais e de melhor eficiência do rebanho que podem ajudar a reduzir essas emissões. Para o pesquisador, “a melhor métrica não é saber apenas o quanto cada animal emite, mas o quanto de carne ou leite o bovino produz por quantidade de metano liberada”. Isso significa que a saída não é a pecuária reduzir o metano, produzindo menos carne, mas reduzir o gás, produzindo mais carne.

“O Brasil ainda tem uma produção de metano alta porque há uma grande parte dos animais que não está produzindo carne. Quando um animal não está ganhando peso, ou pior, perdendo peso, ou quando há vacas que não põe um bezerro a cada ano, por falha de reprodução, então, temos um animal produzindo metano sem a contrapartida da sua produção”, explica.

 

Por que o foco no metano?

“Por que escolheram o metano? Porque ele é de fato o gás de efeito estufa que pode mais rapidamente reduzir esse cobertor sendo formado pelo excesso de gás carbônico (CO2) na atmosfera e o metano é o que mais rapidamente responderia para essa redução”, explica Raposo.

O metano é um importante gás de efeito estufa que é emitido através da fermentação do rúmen dos bovinos e liberado pelo arroto do animal. É um gás que requer atenção pois possui um potencial de aquecimento 21 vezes maior que o gás carbônico (CO2), segundo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Além disso, o metano possui uma vida útil de 14 anos na atmosfera num horizonte de 100 anos, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

 

Como o metano é medido?

O nome do aparelho é um pouco complicado: marcador hexafluoreto de enxofre (SF6). O aparelho consiste num conjunto formado com uma espécie de coletor, que fica na narina do animal, captando parte das emissões de metano e, armazenando o gás em tubos de plásticos de PVC lacrados. As medições são feitas durante cinco dias e, depois, analisadas em laboratório.

Trata-se de uma tecnologia australiana melhorada pela equipe de pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste. O estudo da unidade da Embrapa de São Carlos é uma das técnicas que deverão constituir uma calculadora sobre o balanço das emissões de gases da bovinocultura nacional, que ganhou maior atenção do governo federal este ano.

Artigo completo em: https://www.girodoboi.com.br/videos/giro-do-boi/por-que-a-menor-emissao-significa-mais-producao-de-carne-na-fazenda/

 

2. Conteúdo Técnico

Aumento do ganho genético por meio da redução de intervalos de geração utilizando-se estratégias reprodutivas

A utilização de biotécnicas reprodutivas aliadas a estratégias de seleção estão revolucionando os programas de melhoramento genético em diversas espécies de interesse pecuário, particularmente em bovinos. Com o aumento da utilização de tourinhos jovens possibilitado pelo advento da genômica, as centrais de inseminação conseguiram fornecer de maneira antecipada o material genético de animais comprovadamente superiores mesmo no início da idade reprodutiva, o que reduziu o intervalo de gerações. Um dos fatores limitantes para a aceleração do progresso genético é justamente o intervalo de gerações, em que intervalos mais longos, associados a utilização de reprodutores mais antigos, pode atrasar o progresso genético em comparação a programas de melhoramento genético que adotam a utilização de touros jovens como estratégia de seleção. As estratégias reprodutivas aliadas às informações genômicas podem encurtar o intervalo de geração, aumentar a precisão da previsão e a intensidade da seleção, além de reduzir o custo dos programas de melhoramento a médio e longo prazos. Com um processo de seleção mais assertivo, é possível intensificar a utilização de estratégias reprodutivas que também influenciarão na redução do intervalo de gerações como técnicas de ovulação múltipla, transferência de embriões e a fertilização in vitro.

A genotipagem de embriões pré-implantação pode encurtar substancialmente o intervalo de geração e tornar o melhoramento genético dos rebanhos ainda mais eficaz. Embora a produção e seleção de embriões no estágio de pré-implantação possa acelerar o progresso, a implementação da seleção no estágio de embrião tem várias limitações e exige cuidados adicionais, incluindo desafios técnicos na biópsia de embriões, qualidade do DNA isolado da biópsia para genotipagem e o possível impacto do congelamento no potencial de desenvolvimento dos embriões. Destaca-se, no entanto, que diversos criadores têm utilizado este tipo de estratégia com sucesso o que possibilita um avanço significativo do progresso genético entre as gerações. Essa abordagem pode levar a economias consideráveis para os criadores, alcançando uma redução substancial no intervalo de gerações e produzindo seletivamente animais com a genética desejada em curto prazo. A fim de aumentar o número de candidatos à seleção, fêmeas elite pode ser estimuladas com hormônio folículo estimulante seguido de coleta de óvulos em combinação com FIV para produzir embriões. Dependendo da necessidade, sêmen de sexado ou convencional pode ser utilizado para fertilização in vitro. A coleta de embriões em estágio inicial após a transferência de múltiplos embriões em vacas receptoras sincronizadas e o estabelecimento de linhagens de embriões de mérito genético superior pode reduzir o intervalo de geração em aproximadamente 7 meses e oferece a chance de produzir vários animais superiores simultaneamente. Além disso, estima-se que a seleção de elevado mérito genético em estágio embrionário inicial reduz em 40% o custo de aquisição e manejo de fêmeas receptoras e maximiza o valor pela transferência seletiva de embriões com os genótipos desejados.

Autor: Prof. Dr. Victor Pedrosa – UEPG e Conselheiro Técnico da CRV.